quinta-feira, 25 de março de 2010

Sociedade Francesa Pré - Revolucionária

A situação da França antes da revolução
A economia
A situação econômica da França era crítica. A maioria da renda vinha da agricultura, onde as técnicas eram atrasadas em relação ao consumo do país. Dos 26 milhões de habitantes, 20 milhões viviam no campo em condições de vida extremamente precárias. Uma parte dos camponeses estava ainda sob o regime de servidão.
Um comerciante, para transportar suas mercadorias de um lado para outro do país, teria que passar pelas barreiras alfandegárias das propriedades feudais, pagando altíssimos impostos, o que impedia os comerciantes de venderem livremente suas mercadorias.
Para piorar a situação, parece que ate a natureza ajudou a revolução: entre os anos de 1784 a 1785 houve inundações e secas alienadamente, fazendo com que os preços dos produtos ora subissem, não dando condições para que os pobres comprassem, ora descessem, levando alguns pequenos proprietários à falência.
A situação da industria francesa não era melhor, pois parte dela ainda estava sob o sistema rural e domestico, e as corporações (grêmios) impediam o desenvolvimento de novas técnicas. Como se não bastasse, o governo francês assinou o seguinte tratado com o governo inglês: os franceses venderiam vinhos para os ingleses, e estes venderiam panos para os franceses, sem pagar impostos, o que levou as manufaturas francesas a não suportarem a concorrência dos tecidos ingleses, entrando numa grave crise.
A sociedade
A sociedade francesa, na época, estava dividida em três partes, conhecidas como Estados:
• Primeiro Estado - era o clero francês e estava dividido em alto e baixo. O alto clero era composto por elementos vindos das ricas famílias da nobreza, possuindo toda a sorte de privilégios, inclusive o de não pagar impostos. O baixo clero era o pobre, estando ligado ao povo em geral e não à nobreza, como o primeiro.
• Segundo Estado - era a nobreza em geral. Os privilégios eram incontáveis, sendo que o mais importante era a isenção de impostos. Ha que se salientar aqui que a nobreza também estava dividida: a nobreza cortesã, que vivia no palácio, e outros setores da nobreza, que viviam na corte, recebendo pensões do Rei, onerando os seus castelos, no campo, as custas do trabalho de seus servos. À medida que a crise aumentava, essa nobreza que viviam no campo aumentava a pressão sobre seus servo, favorecendo o clima de insatisfação.
• Terceiro Estado - era constituído de todos aqueles que não pertenciam nem ao Primeiro nem ao Segundo Estado. Afinal, o que era o Terceiro Estado?
Era o setor da sociedade francesa composto pela maioria esmagadora da população, sobre cujos ombros recaia todo o peso de sustentação do reino francês. Esse setor era composto, na sua maioria, pelos camponeses que, com um árduo trabalho, forneciam os alimentos para toda a França, além de terem de pagar pesadíssimos impostos.
Finalmente, os membros mais destacados do Terceiro Estado, quanto a liderança: a burguesia. Esta se dividia em pequenos burgueses (pequenos comerciantes, artesãos), uma camada média (composta de lojistas, profissionais liberais) e a alta burguesia (grandes banqueiros, comércio exterior).
O Terceiro Estado será aquele que, pelo peso das responsabilidades, se levantará contra a opressão do Estado Absolutista. Os camponeses terão papel importante, os pobres das cidades também, mas a liderança e os frutos dessa revolução caberão a uma fração do Terceiro Estado: a burguesia.
A política na França pré-revolucionária mostrava os sinais da decadência acumulada dos outros Reis absolutos, principalmente um déficit crônico no reinado Luís XVI, que subiu ao trono em 1774.
As críticas ao regime aumentavam dia-a-dia. Os intelectuais, baseando-se nas teoria dos iluministas, não poupavam seus escritos para criticar desesperadamente o regimeO processo revolucionário
1ª fase - Assembléia Nacional Constituinte
Um dos atos mais importantes da Assembléia foi o confisco dos bens do clero francês, que seriam usados como uma espécie de lastro para os bônus emitidos para superar a crise financeira. Parte do clero reage e começa a se organizar Como resposta, a Assembléia decreta a Constituição Civil do Clero isto é, o clero passa a ser funcionário do Estado, e qualquer gesto de rebeldia levara a prisão.
A situação estava muito confusa. A Assembléia não conseguia manter a disciplina e controlar o caos econômico. O Rei entra em contato com os emigrados no exterior (principalmente na Prússia e na Áustria) e começam a conspirar para invadir a França, derrubar o governo revolucionário e restaurar o absolutismo.
Para organizar a contra-revolução, o monarca foge da França para a Prússia, mas no caminho e reconhecido por camponeses, é preso e enviado à Paris. Na capital, os setores mais moderados da Assembléia conseguiram que o Rei permanecesse em seu posto.
A partir daí uma grande agitação tem início, pois seria votada e aprovada a Constituição de 1791. Esta constituição estabelecia, na França, a Monarquia Parlamentar, ou seja, o Rei ficaria limitado pela atuação do poder legislativo (Parlamento).
Neste poder legislativo era escolhido através do voto censitário e isso equivalia dizer que o poder continuava nas mãos de uma minoria, de uma parte privilegiada da burguesia. Resumindo, o que temos é uma Monarquia Parlamentar dominada pela alta burguesia e pela aristocracia liberal, liderada, por exemplo, pelo famoso La Fayette, é o total afastamento do povo francês.
Os setores populares estavam descontentes, porque continuavam ainda sob o despotismo, não o da monarquia absoluta mas o despotismo dos homens do dinheiro, setores tradicionais da nobreza e do clero conspiravam, com a anuência do Rei, para tentar restaurar o antigo regime.
Os grupos políticos organizavam-se para definir suas posições:
No recinto da Assembléia, sentava-se à esquerda o partido liderado por Robespierre, que se aproximava do povo: eram os Jacobinos ou Montanheses (assim chamados por se sentarem nas partes mais altas da Assembléia); ao lado, um pequeno grupo ligado aos Jacobinos, chamados Cordeliers, onde apareceram nomes como Marat, Danton, Hebert e outros; no centro, sentavam-se os constitucionalistas, defensores da alta burguesia e a nobreza liberal, grupo que mais tarde ficará conhecido pelo nome de planície; à direita, ficava um grupo que mais tarde ficará conhecido como Girondinos, defensores dos interesses da burguesia francesa e que temiam a radicalização da revolução; na extrema direita, encontram-se alguns remanecentes da aristocracia que ainda não emigrara, conhecidos pelo nome de negros ou aristocratas, que pretendiam a restauração do poder absoluto.
Quanto a situação externa, o clima era de total apreensão. As monarquias absolutas vizinhas olhavam para o que estava acontecendo na França com grande temor. Tanto é verdade, que alguns elementos emigrados da nobreza francesa pretendiam que países como a Áustria e a Prússia iniciassem imediatamente uma guerra contra a França. A Assembléia Legislativa, sabedor dessa situação, raciocinava da seguinte forma: ou expandimos o ideal revolucionário para esses países ou, então, a França Revolucionaria ver-se-á isolada e condenada ao fracasso. Daí a Assembléia também pensar na guerra.
2ª fase - Assembléia Legislativa
A Assembléia Legislativa francesa exigiu da Áustria e da Prússia um compromisso de não invasão e, como não foi atendida pelas monarquias absolutas, declarou guerra a 20 de abril de 1792.
Luís XVI exultava, pois esperava que os exércitos franceses fossem derrotados para que ele pudesse voltar ao poder como Rei absoluto; dessa forma, o Rei e a Rainha, a famosa Maria Antonieta, entram em contato com os inimigos, passando-lhes segredos de guerra.
A atuação dos exércitos franceses foi um fracasso no campo de batalha.
Na Assembléia, Robespierre denuncia a traição do Rei e dos generais ligados a ele, que também estavam interessados na derrota da França Revolucionaria. Num discurso aos jacobinos, Robespierre dizia:
"Não! Eu não me fio nos generais e, fazendo exceções honrosas, digo que quase todos têm saudades da velha ordem, dos favores de que dispõe a Corte. Só confio no povo, unicamente o povo."
Nas ruas de Paris e das grandes cidades, os sans culottes (maneira como os pobres das cidades se identificavam) se agitavam pedindo a prisão dos responsáveis pelas derrotas da França diante dos exércitos austríacos e prussianos.
3ª fase - A Convenção Nacional
A 2 de setembro, pela manha, chegou a Paris a notícia de que Verdun estava sitiada; Verdun, a última fortaleza entre Paris e a fronteira. Imediatamente, foi lançada uma proclamação aos cidadãos: "À s armas cidadãos, às armas! O inimigo está às portas !" Vários prisioneiros, suspeitos de ligação com o antigo regime, foram massacrados pela população.
No dia 20 de setembro de 1792, chegou a Paris a notícia da esmagadora vitória dos exércitos franceses sobre os exércitos prussianos e, no mesmo dia. foi oficializada a proclamação da República, a primeira da França. Agora, o órgão que governará a França será a Convenção eleita por voto universal.
A situação dos "partidos" políticos ficou mais nítida com a Convenção:
• À direita, o grupo dos girondinos defendendo os interesses da burguesia, que nesse momento estava dominando a Convenção.
• No centro, o grupo da planície (ou pântano), defendendo os interesses da burguesia financeira, mas tendo uma atitude oportunista dizia-se estar do lado de quem estava no poder.
• À esquerda e no alto, a montanha (jacobinos), defensores dos interesses da burguesia e do povo.
O que fazer com o Rei? Os girondinos queriam mantê-lo vivo, pois temiam que sua execução fizesse com que o povo quisesse mais reformas, o que ia contra seus interesses. Os jacobinos queriam que o Rei fosse julgado e executado como traidor da pátria. A proposta jacobina saiu vencedora e o Rei foi executado. Os jacobinos tornavam-se cada vez mais populares e eram apoiados pelos sans culottes.
Por sua vez, os exércitos franceses aproveitavam suas vitorias para propagar os ideais da revolução, e os países de governos absolutistas se sentiam cada vez mais sujeitos à propaganda liberal.
O novo governo revolucionário francês fez reformas de vários níveis, mas todas elas extremamente moderadas, de tal forma que não questionassem o poder dos girondinos.
Entretanto, os girondinos no poder viam na guerra uma forma de aumentarem suas fortunas e, por isso, quanto mais altos os preços dos produtos (alimentos, roupas), melhor para eles. Na verdade, eram eles que os vendiam e quem os comprava era o povo que, em sua extrema pobreza, não podia comprar mercadorias caras. E nessa contradição que vamos entender o porque da queda do governo da Convenção do jacobinos.
Os sans culottes, nas ruas de Paris, exigiam reformas, controle dos preços, mercadorias baratas, salários altos, e os girondinos exigiam exatamente o contrário. Nesse momento, os jacobinos (montanheses) começam a liderar as reivindicações e conseguem que se forme a Comissão de Salvação Publica, tendo por obrigação controlar os preços e denunciar os abusos feitos pelos altos comerciantes girondinos.
A agitação aumenta, os girondinos ficam cada vez mais temerosos diante das manifestações dos sans culottes. Aumentando a crise, uma região inteira da França, chamada Vendéia, instigada pelo clero e pelos ingleses, levanta-se num movimento contra-revolucionário.
Entre maio e junho de 1793, o povo se levanta em Paris, cerca o prédio da Convenção e exige a prisão dos Deputados traidores, isto é, dos girondinos. Os jacobinos (montanheses) aproveitaram as manifestações de apoio dos sans culottes e depuseram os girondinos, instaurando um novo governo.
A fase do terror - a ditadura dos jacobinos
Agora que os jacobinos estavam no poder, era preciso controlar os movimentos populares. O governo dos jacobinos terá como característica principal sua posição moderada na esquerda. Os jacobinos fazem parte de um governo popular, mas não tomam medidas que atendam aos interesses de todas as faixas da população e sim medidas mais ligadas à pequena burguesia francesa.
No dia 13 de julho de 1793, o ídolo popular Marat é assassinado por uma mulher membro do partido girondino. A partir daí a população exige a radicalização da revolução. Inicia-se o terror: todos os elementos suspeitos de ligações com os girondinos e com a aristocracia contra-revolucionária são massacrados ou executados nas guilhotinas, depois de julgamentos populares.
Reformas imediatas são feitas: a principal foi a redistribuição da propriedade, surgindo condições para o aparecimento de três milhões de pequenas propriedades na França. As reformas atingem até mesmo o calendário oficial, que adquire características marcadas e anticlericais e passa a basear-se nos fenômenos da natureza. Por exemplo, o mês do calor (julho, na Europa) transforma-se no mês do Termidor; dezembro, o mês das neves (inverno), transforma-se no Nevoso.
Robespierre tenta, com alguma habilidade inicial, manter-se no centro para governar. Aos poucos começa a atacar seus aliados da esquerda: foram presos e executados elementos como Hebert e Jacques Roux. Com a liqüidação dos elementos de extrema esquerda, Robespierre não pode contar com um apoio seguro dos sans culottes. Quer, a todo custo manter-se no meio da esquerda, incorruptivelmente. Golpeia depois seus companheiros que tinham uma posição mais próxima da direita moderada; como exemplo, temos a execução de Danton.
Robespierre, durante a ditadura dos jacobinos, consegue uma série de êxitos: liqüida a contra-revolução da Vendeia e obtém várias vitórias contra os inimigos externos da revolução (entre esses inimigos, contava-se não só a Prússia e a Áustria, mas também a poderosa Inglaterra); acelera os processos do segundo terror, que executa, na guilhotina, vários contra-revolucionários.
Mas o problema persistia. Robespierre tomava algumas medidas que, ao povo, pareciam anti-populares, e outras, que desagradavam a burguesia (como, por exemplo, o fato de não haver liberdade de comércio). Conspirava-se. A alta burguesia financeira, que na sua posição oportunista dentro do partido da planície, conseguiu sobreviver ao período do terror, conspirava contra o governo jacobino. Robespierre apela para os sans culottes, a fim de salvar seu governo. Mas onde estavam os lideres que podiam mobilizá-los? Todos executados. O governo jacobino estava só.
Autor : Desconhecido
Fonte : Bibariqueveralui
Postado por : Caio Cardozo

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